Destoxificação Hepatobiliar, O Processo
- Andrea Cáceres
- 4 de dez. de 2020
- 10 min de leitura
Por Aléxia Cambraia (Baseado no protocolo original de Andreas Moritz)
Considerações iniciais
O procedimento de limpeza do fígado e da vesícula contradiz vários pontos de vista médicos.
Acredita-se que os cálculos biliares só se encontrem na vesícula biliar e não no fígado.
Pensa-se que são alguns e não milhares.
Não os ligam às dores além daquelas que atingem a vesícula. E é fácil compreender o porquê disto: quando a dor aguda aparece, vários cálculos já estão na vesícula, são grandes e suficientemente calcificados para serem vistos nos raios-X, além de já terem causado inflamações.
A verdade é evidente: observando os meus pacientes, vejo que pessoas que já tiveram a vesícula retirada cirurgicamente continuam expelindo vários cálculos verdes cobertos de bile e também amarelos quando fazem a destoxificação hepatobiliar. Qualquer um que preste atenção a estes cálculos pode ver que os círculos concêntricos e cristais de colesterol batem exatamente com as fotos de cálculos biliares que os livros médicos trazem.
Os cálculos geralmente estão contaminados, pois são expelidos através do intestino e cerca de 50% das fezes são compostas de bactérias, resíduos tóxicos acumulados no fígado e podem conter até vermes! Algumas das pedras flutuam na água por causa do colesterol que há dentro delas.
Geralmente, para que a pessoa se livre completamente de alergias, bursite e dores na parte superior das costas, cerca de 2 mil pedras terão que ser expelidas.
Mas este número de pedras é o resultado da soma de várias limpezas seguidas.
A primeira limpeza normalmente livra a pessoa de alguns sintomas, mas assim que as pedras da parte anterior do fígado começam a se movimentar para frente, elas precisam ser eliminadas. Pode-se repetir a limpeza com intervalos de 4 semanas, pelo menos.
Nunca deve-se fazer a limpeza quando o paciente estiver com algum sintoma agudo.
Algumas vezes os dutos biliares estão cheios de cristais de colesterol que não se tornaram cálculos arredondados ainda. Eles parecem “farelos” ou uma espuma que bóia na água da evacuação, de coloração amarronzada e reunindo vários pequeninos cristais brancos. Eliminar estes farelos durante a limpeza do fígado e da vesícula é tão importante quanto eliminar os cálculos.
São esperados de 50 a 200 cálculos ou cristais por evacuação (entre pequenos e grandes; entre 1 milímetro e 2,5 centímetros).

Protocolo Original de Moritz

Preparação

Tome um litro de suco de maçã diariamente, durante seis dias. (Se você se sentir bem, pode tomar até mais.) O ácido málico do suco da maçã ajuda a dissolver os cálculos biliares e facilita a passagem dos mesmos pelos ductos biliares.
O suco de maçã tem grande efeito limpador. Pessoas sensíveis podem sentir inchaço e, às vezes, apresentarem diarréia durante os primeiros dias, mas grande parte dela será bile estagnada, despejada pelo fígado e pela vesícula (indicada por uma cor amarela-amarronzada).
O efeito fermentador do suco ajuda os ductos biliares a se expandirem. Se ele gerar mal-estar, pode diluir o suco de maçã com um pouco de água. Beba-o lentamente durante todo o dia, entre as refeições (evite tomá-lo antes, durante e até duas horas depois das refeições e à noite).
O suco não elimina o consumo diário de água, de seis a oito copos. Seria conveniente enxaguar a boca com bicarbonato de sódio e/ou escovar os dentes várias vezes durante o dia, para que o ácido málico não danifique os dentes.
Caso você seja diabético, opte por tomar o ácido málico em pó.
Recomendações de dieta
Durante toda a semana de preparação da limpeza, evite beber e comer alimentos e bebidas frias ou congeladas, uma vez que esfriam o fígado e minimizam a eficácia da limpeza.
Todos os alimentos e bebidas devem ser quentes ou, pelo menos, estar na temperatura ambiente.
Para ajudar o fígado no preparo da parte principal da limpeza, evite alimentos de origem animal, laticínios e frituras. Em vez disso, coma normalmente, mas evite comer demais.
O melhor horário para a limpeza
A parte inicial e final da limpeza hepática deverão ser feitas durante um final de semana, quando você não estiver sob pressão e tiver tempo suficiente para descansar.
Apesar de ser eficiente em qualquer momento do mês, a limpeza deve coincidir, preferencialmente, com um dia entre a Lua Cheia e a Lua Nova.
Tente evitar fazer a limpeza real no dia de Lua Cheia (o corpo tende a reter mais fluidos nos tecidos e no cérebro nesse dia do que em outros).
O dia de Lua Nova é o mais propício para limpeza e cura.
Se estiver tomando algum medicamento
Durante a limpeza, evite tomar qualquer medicamento, vitaminas ou suplementos que não sejam absolutamente necessários.
É importante não oferecer ao fígado trabalho extra que possa interferir em seus esforços de limpeza.
Assegure-se de limpar o cólon antes e depois de cada limpeza hepática
Evacuar com regularidade não indica necessariamente que seu intestino não esteja obstruído.
A limpeza do cólon deve ser feita alguns dias antes ou, idealmente, no sexto dia da preparação.
Ela ajuda a prevenir ou minimizar qualquer incômodo ou náusea que possam surgir durante a limpeza hepática.
Ela também impede o refluxo da mistura de óleos e assiste o corpo na rápida eliminação de cálculos biliares.
A irrigação do cólon (ou hidrocolonterapia) é o método mais simples, rápido e ficaz no processo de preparação para a limpeza do fígado e da vesícula.
O que é necessário fazer no sexto dia de tomar o suco de maçã
Beba 1 litro de suco de maçã pela manhã. Você pode começar a beber o suco logo após acordar.
Caso sinta fome pela manhã, tome um café da manhã leve, como cereais quentes, aveia seria a opção ideal.
Evite açúcar ou outros adoçantes, especiarias, leite, manteiga, óleos, iogurte, queijo, presunto, ovos, nozes e outras frutas oleaginosas, tortas, cereais gelados, etc. Pode consumir frutas e sucos.
No almoço, coma verduras cozidas no vapor com arroz branco (de preferência arroz basmati) e use um pouco de sal não refinado marinho, sal rosa do himalaya ou sal grosso batido no liquidificador. Insisto: não coma alimentos proteicos, manteigas ou óleo, pois isto pode causar mal estar durante a limpeza.
Não coma nem beba (exceto água) depois das 13h30, caso contrário está arriscando a expelir alguma pedra!
Siga exatamente os horários que serão descritos para obter maior benefício da descarga hepática.
Material necessário para executar a limpeza (com adaptações de Aléxia Cambraia)
Substância | Quantidade |
|---|---|
Suco de maçã orgânico | 7 garrafas de 1 litro |
Sulgato de magnésio PA | 4 colheres de sopa dissolvidas em 4 copos com 200 ml de água alcalina |
Azeite de oliva extra-virge, prensado a frio | 200 ou 300 ml |
Grapefuit, laranja lima e laranja pera | 1 de cada fruta |

A limpeza real (com adaptações de Aléxia Cambraia)
18h |
Adicione quatro colheres de Sulfato de Magnésio (sal amargo) a um total de 800 ml (quatro copos de 200 ml) de suco de maça orgânico em um recipiente, obtendo quatro porções. Tome sua primeira porção nesse horário. Pode colocar uma colherinha pequena com mel na boca para tirar o gosto do sal amargo. Algumas pessoas bebem essa porção com canudo, para evitar o contato com papilas gustativas da língua. Tampar o nariz enquanto se bebe também funciona para a maioria das pessoas. É recomendável escovas os dentes ou enxaguar a boca com bicarbonato de sódio. Uma das principais ações do Sulfato de Magnésio é dilatar (alargar) os ductos biliares, facilitando a passagem das pedras, além de limpar qualquer resíduo que possa obstruir sua passagem. (Se você é alérgico ao Sulfato de Magnésio ou não consegue engoli-lo, pode usar a segunda melhor opção: Citrato de Magnésio, na mesma dosagem.) Lembre-se de manter as frutas cítricas que usará na mistura fora da geladeira, para que elas possam atingir a temperatura ambiente. |
20h |
Beba sua segunda porção (copo de 200 ml) de Sulfato de Magnésio com suco de maça orgânico. |
21:30h |
Caso até essa hora não tenha evacuado e se não tiver efetuado limpeza do cólon nas 24 horas anteriores, aplique um enema (lavagem intestinal ou clister) de água morna ou camomila; ele desencadeará uma série de evacuações. |
21:45h |
Lave bem uma grapefruit, uma laranja lima e uma laranja pera. Esprema-as e coe o suco. Você precisará de 300 ml de mistura cítrica. Misture os 300 ml de suco cítrico com: *300 ml de azeite de oliva (para pacientes que possuam a vesícula biliar) ou*200ml de azeite (para pacientes colecistectomizados)Bata os 300 ml de suco cítrico com os 300 ou 200 ml de azeite em um liquidificador. Bata até que a solução esteja homogênea. |
22h |
Tome toda a mistura (600 ml). Se precisar ir ao banheiro, pode atrasar até dez minutos.Permaneça de pé, ao lado da sua cama (não se sente) e beba a mistura, se possível, sem interrupção. Há quem prefira tomá-la com canudo. Bebê-la com o nariz tampado parece funcionar melhor. Se for necessário, tome um pouco de mel entre os goles, para ajudar a mistura a descer com mais facilidade. A maioria das pessoas não tem problema em tomá-la de uma vez. Não leve mais de cinco minutos para bebê-la (somente pessoas idosas ou convalescentes podem demorar mais que esse tempo).*Se precisar ir ao banheiro, pode atrasar até dez minutos. *Deite-se imediatamente! |
beba água sempre que sentir sede, exceto logo após beber o Sulfato de Magnésio e durante duas horas após a ingestão da mistura de azeite. |
O Processo de destoxificação em si
Deite-se imediatamente!
Isso é essencial para ajudar os cálculos a sairem! Apague as luzes e deite-se de barriga para cima, com um ou dois travesseiros para levantar um pouco a sua cabeça – ela deve ficar em uma altura superior à do abdômen. Se essa posição estiver desconfortável, deite-se sobre o seu lado direito, com os joelhos dobrados em direção à sua cabeça. Permaneça nessa posição por, pelo menos, 20 minutos e não fale! Fique atento ao fígado. Algumas pessoas acham benéfico colocar óleo de rícino (mamona) sobre a área do fígado e aplicar uma bolsa de água quente.
Você pode sentir as pedras se movimentando pelos ductos biliares, como se fossem bolinhas de gude. Não sentirá nenhuma dor, porque o magnésio mantém os ductos biliares abertos e relaxados, e a bile secretada com as pedras mantém os ductos bem lubrificados (o que é diferente de uma crise de dor da vesícula, na qual o magnésio e a bile não estão presentes).
Se puder, durma.
Se, durante a noite, tiver necessidade de evacuar, faça-o.
Verifique se há algumas pequenas pedras (de cor verde-ervilha, amarelo ou café claro) flutuando no vaso sanitário.
Pode sentir náuseas durante a noite ou logo nas primeiras horas da manhã. Isso se deve principalmente a uma repentina e forte efusão de cálculos biliares e toxinas do fígado e da vesícula, que empurram a mistura de azeite de volta para o estômago.
A náuseas passarão durante a manhã.
A manhã seguinte
6h |
Quando acordar, mas não antes das 6h, beba sua terceira porção de Sulfato de Magnésio com suco de maça orgânico(caso sinta muita sede, beba um copo de água morna ou à temperatura ambiente, antes de tomar o magnésio). Descanse, leia e medite. Se tiver sono, volte para a cama, embora seja preferível que o corpo fique na posição vertical. A maioria das pessoas se sente absolutamente bem e prefere fazer exercícios suaves, como ioga. |
8h |
Beba sua quarta e última dose de Sulfato de Magnésio com suco de maça orgânico. |
10h |
Você pode beber água de coco verde nesse momento. Meia hora mais tarde, pode comer uma ou duas porções de fruta fresca. Uma hora depois, pode ingerir alimentos sólidos(mas leves). No começo da noite ou na manhã seguinte, você deve voltar à rotina e começará a sentir os primeiros sinais de melhora. Continue fazendo refeições leves durante os próximos 2 ou 3 dias. Lembre-se: seu fígado e sua vesícula acabam de passar por uma grande “cirurgia”, ainda que sem os prejudiciais efeitos colaterais e sem altos custos. |
Minhas considerações pessoais
Existem pessoas que fazem a limpeza do fígado e da vesícula em casa, sozinhas, sem nenhum acompanhamento terapêutico e sem fazer as lavagens intestinais antes e após o processo. Eu considero isto perigoso. Conforme recomendações expressas de Andreas Moritz, a limpeza intestinal antes e depois é fundamental neste processo de destoxificação.
O sulfato de magnésio administrado durante o processo de limpeza não é suficiente para limpar os dejetos que ficam aderidos às paredes intestinais.
Além disto, a limpeza hepatobiliar libera uma quantidade enorme de toxinas que ficam “soltas”no intestino, e, quando não liberadas através de um enema ou hidrocolonterapia, podem causar desconforto e náuseas no paciente.
A dieta de preparação

Para obter êxito durante a limpeza hepatobiliar, é fundamental que a dieta livre de alimentos de origem animal, laticínios e gorduras seja seguida criteriosamente durante os 6 dias que antecedem o processo.
Quando comemos gordura, a bile que estava armazenada na vesícula é liberada e usada para digerir os alimentos gordurosos. Para maximizar o aproveitamento da limpeza, estes tipos de alimentos precisam ser evitados para que a bile fique acumulada na vesícula e possa ser liberada com força total no dia da destoxificação através do estímulo da mistura de azeite e cítrico.
A importância do sulfato de magnésio
O sulfato de magnésio puro administrado nas doses e horários recomendados é fundamental para o sucesso da limpeza hepatobiliar.
O sal amargo tem efeito laxante e ele é responsável por relaxar os dutos biliares e abrir os canais de passagem para os cálculos biliares.
Outras considerações
Quando eu comecei a utilizar este protocolo, fazia a mistura do drink de azeite com limão apenas. O gosto desta mistura era bastante forte e causava um certo desconforto ao passar pela garganta. Mais tarde conheci uma técnica de uma clínica da Inglaterra que usa Grapefruit misturado com laranja pera e laranja lima. Implementei esta receita e o paladar ficou bem mais agradável.
Para que a limpeza seja otimizada, é importante é que ela seja feita durante vários meses seguidos, conforme coloca o Dr. Moritz.
Pessoas colecistectomizadas devem receber uma dose menor de azeite
Para minimizar o gosto desagradável do sulfato de magnésio, eu costumo misturar o sulfato de magnésio com suco de maca orgânico ao invés de água.
É possível expelir cálculos biliares de até 2 ou 3 centímetros de diâmetro. Porém, geralmente são necessárias várias limpezas seguidas para conseguir isto.
Eu estive em vários países entrevistando médicos renomados, alguns no tratamento de pacientes com limpeza hepática. O espanhol Dr. Jose Maria Cardesin considera que o modelo de limpeza hepática sugerido pelo Dr. Moritz cause um desgaste elevado para o paciente, e existem hoje outras maneiras de alcançar o mesmo resultado de maneira menos intensa. O Dr. Jose Maria Cardesin limpa o fígado e a vesícula de seus pacientes administrando doses homeopáticas de Rábano Negro e Alcachofra durante 3 meses para os seus pacientes na Espanha.
Foto de cálculos expelidos durante a limpeza

Os cálculos de cor branca ou café claro são cálculos calcificadas que possuem substâncias tóxicas pesadas, com apenas vestígios de colesterol. Estes cálculos tem características de terem sido expelidos da vesícula.

A maioria dos cálculos eliminados é de cor verde-ervilha e flutuam no vaso sanitário por serem compostos principalmente de bile. Somente a bile do fígado pode provocar a cor verde.
Resultado de exame de laboratório de cálculo biliar expelido

Considerações finais
As informações contidas neste artigo foram disponibilizadas com o objetivo de serem utilizadas para fins informacionais, não devendo ser executadas como protocolo domiciliar sem auxílio e acompanhamento de um médico ou profissional da área de saúde qualificado.
Qualquer aplicação das informações aqui contidas, será por conta e risco do próprio leitorSugiro que todo indivíduo que tenha problemas de saúde procure o aconselhamento de um médico especializado da medicina preventiva e, se necessário, de um nutricionista.
A autora deste artigo se exime de qualquer responsabilidade legal advinda da utilização indevida das informações aqui publicadas.


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